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Natal para mim era tão somente a espera de comida diferente, guaraná, assados diferentes, manjar branco, manjar de vinho, pudim de leite e um singelo presentinho, quase sempre uma sombrinha. Não tínhamos árvore enfeitada, nem presépio. Presépio era só na igreja. Cresci na austeridade da matriarca italiana, minha bisavó, sem traço algum de ternura. Não davam satisfações às crianças. Houve um tempo de pureza e inocência em que só descobríamos a proximidade do Natal, quando minha avó, nos mandava procurar determinada planta e com vários galhos ela os amarrava em uma vara bem comprida para fazer uma vassoura. Pronto! A esse toque, então, já adivinhávamos que ele estava chegando. Começávamos a viver a euforia. A vassoura era para a faxina das paredes e do telhado dentro de casa, pois não havia forro. Limpavam-se as teias de aranha, fuligem das lamparinas, do fogão à lenha que nunca apagava, sempre quentinho como o coração daquela vovozinha, silenciosa e submissa à sua mãe, minha bisavó, sem ternura. Procedia-se então com faxina nas gavetas das cômodas, dos armários, lavagem das louças da cristaleira, enfim o clima era só de faxina. Tudo ficava limpinho, renovado. Vovó separava algumas galinhas e as prendia para só comerem milho. Com elas se fazia a canja do almoço do Natal. Cozinhavam-nas inteiras, por muitas e muitas horas. Recolhíamos ovos para as bolachas, muitos, pois elas seriam para o café da manhã naquelas vésperas de Natal. Eram fornadas e mais fornadas de bolachas grandes e grossas que derretiam ao molhá-las no leite purinho de vaca. Enchiam-se latas, aquelas latas de 20 litros. Minha bisavó, a sem ternura, fazia as broas de milho também. Matavam leitoas, carneiros e eu ao redor de todo aquele movimento culinário. Como eu amava aquilo tudo. Fortes e doces lembranças ainda imperam nos meus sentidos! No dia tão esperado, montava-se uma mesa imensa ao ar livre, para caber todos os dez filhos de vovó, os homens com suas respectivas esposas e filhos, as mulheres com seus maridos e filhos. Era muita gente naquela família. Quase não comíamos pois, diante de tantos priminhos e priminhas e de tanto guaraná, só bebíamos e brincávamos muito. Cheios de guaraná, não sobrava espaço para a comida. Na véspera, colocávamos um pratinho na janela, com capim pro burrinho que trazia o Papai Noel para deixar o singelo presentinho. Foram anos e anos assim.
Foto de um cartão antiguinho que coleciono
Hoje, o que é o Natal para mim?
A plena consciência do grande amor de Deus pela humanidade,
que humano se tornou para nos declarar esse imenso amor por todos nós e ser amado por todos nós. E fazer memória desse nascimento é tornar viva, cada vez mais a centelha divina que habita em nós, é tornar mais forte a esperança dentro de nós, é concretizar o amor, é cristificar nossa alma e intensificar a nossa fé.
O Natal é o momento mágico que pára o mundo.
"Para a nossa alegria, Deus se fez pessoa humana como nós.
Ele veio a este mundo: Céu e Terra se tocaram"
Natal é presença forte , significativa para mim. Eu continuo os passos de vovó. Outubro começo minha grande faxina. Limpo, faço muita doação de roupas e objetos, renovo, modifico e enfeito tudo, cada cantinho, para o Menino. Enquanto faxino o exterior vou meditando no meu interior sobre aquilo que eu preciso mudar, renovar, modificar e enfeitar. Passei para meus filhos esse momento mágico. Eles nasceram com árvore e presépio e sabendo do grande acontecimento.
Foto de um cartão de natal, meu
Desejo a todos um santo e feliz Natal. E para que ele seja abençado, rezemos:
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"Jesus Cristo, vós que nascestes em Belém, nesta Noite Santa, vinde a nós! Entrai em mim, na minha alma. Transformai-me. Renovai-me. Fazei que eu e todos nós, nos tornemos pessoas vivas, nas quais se torna presente o vosso Amor e o mundo é transformado"
Revista Canção Nova
Essa é a minha participação na Blogagem Coletiva: "O que é o Natal para mim", proposta pela doce
Rosélia.
Beijos!