Era uma vez uma pequena vila onde moravam duas lindas irmãs. Todos os dias elas se arrumavam, penteavam os cabelos e elogiavam-se mutuamente por seus atributos físicos. Um dia uma delas perguntou qual era a mais bonita. Nenhuma foi capaz de dizer. Uma das irmãs resolveu então submeter essa decisão ao povo da vila. Cada uma desfilaria pela rua principal da cidade para ver a reação do povo.
A que fosse mais aclamada, mais aplaudida, seria a mais bonita.
Na manhã seguinte as duas irmãs foram para a ponta da principal avenida, que atravessa o coração do vilarejo.
A primeira irmã começou a caminhar lentamente, com elegância e um sorriso largo. As pessoas que passavam, sorriam de volta, acenavam e pareciam admirá-la. Quanto mais reações positivas ela conseguia, mais segurança interior ela sentia para continuar, o que provocou ainda mais acenos e sorrisos, que logo se transformaram em aplausos. Ao chegar no outro lado da avenida, pessoas em todas as casas saíam aos terraços para olhar a moça bonita e bem trajada. Ela voltou ao ponto de partida sob apupos gloriosos, sentindo-se praticamente vitoriosa na disputa pelo título de beleza.
A segunda irmã cumprimentou-a pelo sucesso e começou sua caminhada.
Já nos primeiros passos, apesar de sua altivez e segurança, a reação não foi boa. Pessoas se afastavam dela sorrateiramente. Outras se escondiam e algumas fingiam não a ver. Sem entender o que acontecia, a jovem foi tentando se expor cada vez mais, tentando chamar a atenção de todos, o que só piorava ainda mais o resultado. Moradores fechavam portas e janelas e se escondiam dela.
Ao chegar do outro lado da avenida, ela estava quase fracassada.
Numa última tentativa de mostrar o quanto era bela, a moça começou a se despir de todas as roupas, caminhando total e completamente nua , para horror da população da vila, que simplesmente sumiu da praça.
A segunda irmã chegou nua e aos prantos para o ponto de partida, onde sua irmã a acolheu e cobriu-a com um manto.
- O que aconteceu comigo, minha querida irmã? Por que todos me evitam? Por acaso sou horrível ou repulsiva?
- Não, querida Verdade. Você é linda. O que acontece é que ninguém quer ver a Verdade assim, exposta diante da cara, passando na frente de todos. Muito menos assim, nua.
- Então é por isso que todos preferem você, História?
- Acho que sim, Verdade. As pessoas só conseguem compreender a verdade através de uma lenda, de uma história.
A Verdade Nua é insuportável para quase todo mundo. As pessoas querem algo que dê alento, uma capa, uma veste, uma ilusão.
E assim, abraçadas, História e Verdade voltaram para sua casa enquanto o povo da vila adormeceu com suas ilusões.
O ensinamento é sempre o mesmo. As pessoas não estão preparadas para receber a verdade, muito menos a verdade nua. Por isso, estamos sempre adereçando, adornando, vestindo e maquiando a verdade, para dar conforto a quem precisa dela saber.
Fica a reflexão inspiradora.
Que figurino usamos todos os dias para vestir as verdades que não queremos despir na vida?
Texto: sem autoria, de e-mail
2ª foto: do Blog A Católica
Outras: Google Images